25 fevereiro 2018

Um novo acordar - Parte I

Geralmente o som que nos marca, são as musicas que ouviamos na adolescencia. As preocupações são poucas, os interesses são mais sociais, e para a devida integração ouvimos a mesma musica da tribo que queremos pertencer. A musica parece um elemento importante nessa altura. Por varios motivos. Ou para um escape, ou para nos integrarmos, outra vezes para impressionar, mas na maior parte das vezes, porque a predisposição está lá. Somos mais alegres e descontraidos e a musica... apetece.
Mais tarde, quando somos mais velhos, e ouvimos 'aquela musica', vem a nostalgia. Ou então os casais que tem 'a sua musica'... que lindo....
No meu caso foi diferente. A musica que apareceu nesta decada, pareceu-me mais 'correcta'. Muito mais de acordo com o meu gosto musical.
Claro que os Smiths, Birthday Party, os Cramps, Sex Pistols, os Dead Kennedys, Sisters of Mercy (só para falar dos principas grupos de cada tendencia) foram certamente marcantes, mas das quatro musicas que me surpreenderam quando as ouvi pela primeira vez, três delas são dos 90.
Esta foi a ultima década do Rock. A partir daqui são só pipocas que rebentam depois de desligar o lume.

Vamos à parte mais importante.
O Grunge.
Seatle é uma cidade maioritáriamente industrial e de céu coberto de nuvens. Dá ao local um ambiente triste e sombrio. Esse ambiente é, claramente, transportado para este tipo de música. Não deixa de ser um pouco o que aconteceu em Inglaterra nos 70 com o Punk. O mesmo tipo de ambiente social e envolvente atmosférica. No entando a grande diferença entre a sociedade média-baixa da Inglaterra da altura, é que era bastante constetatária em relação à situação socio-economica. Em Seatle, isso não acontecia. Essa classe economica tinha outros meios de subsistencia e por isso mais acomodada. Esse motivo fez com que a diferença entre o Punk e o Grunge, se reflectisse nas letras das música. Se os Punks queriam revoluções, já no Grunge, a poesia centra-se nas experiencias pessoais, normalmente traumatizantes e angustiantes.
Além desta principal diferença, são muitas as semelhanças com o Punk. No entanto, a qualidade musical do Grunge está muitos furos acima do Punk.
Surgiram vários grupos, sensivelmente ao mesmo tempo. Dois deles destacaram-se de imediato.
Nirvana e Pearl Jam. Um pouco mais abaixo nos niveis de popularidade, surgiram os Alice in Chains.
Algum tempo mais tarde surgiria, Soundgarden pela mão do grande Chris Cornell.
Primeiro vamos à segunda música marcante na minha vida. Come As You Are dos Nirvana.
Esta foi só a primeira. Porque muitas foram as boas músicas, deste grupo, que ouvi durante anos e continuo a ouvir. Vamos a algumas que não se podem deixar de não ouvir:

Smells Like Teen Spirit
Heart-Shaped Box
Lithium (há qualquer coisa de inebriante nesta musica...)
You Know You're Right
In Bloom - E aqui se começa a ver o potemcial do Dave Grohl
Dumb - É demasiado recorrente a vezes que canto, na minha cabeça, a primeira frase desta musica...
Rape Me
Todas estas, e a maior parte das suas musica, começam decadentes e acabam em fúria e raiva. Mostra quão foram reprimido e contidos na adolescência.
Um momento a não perder dos Nirvana, é a sua actuação unplugged na MTV. Embora sejas as mesmas musicas, mas num registo diferente, estão simplesmente geniais. Em algumas delas, o violencelo assentou que nem uma luva.
Em poucas palavras: Ouvir tudo que seja Nirvana. Demasiado bom para perder.
Nos 90 o som deles foi extremamente refrescante. Quando tudo parecia esmorecer, eis que me deram um novo motivo para ouvir musica.
Depois da morte de Kurt Cobain, o baterista Dave Grohl, formou os Foo Fighters. Uma banda também a ter em conta dentro deste género musical.

A outra banda que surgui ao mesmo tempo dos Nirvana, foram os Pearl Jam.
Igualmente letras baseadas em experiencias pessoais, mais ou menos, traumáticas, destacaria que que lhes deu notoriedade. Jeremy. A letra tem uma forma muito peculiar de relatar as experiencias de um jovem rejeitado pelos pais e o que isso afecta a sua personalidade. O refrão, diz 'Jeremy spoke in class today', parecendo ser isso, o evento digno de registo. Uma forma de realçar a invisibilidade que provoca a má educação dos pais. Ou neste caso, a falta dela.
Outras musica muito boas:
Alive - Num concerto apareceu, certa vez, um cartaz de um fã a dizer 'Alive save my life'.
Evolution - A mostrar o lado ecoligista da banda
I Am Mine
Better Man - Outra musica emblemática da banda
Daughter - Outra...
Last Kiss
Even Flow
Animal - Parte desta musica era o meu toque de telemóvel quando estava em França.
O refrão diz 'I'd rather be, I'd rather be, I'd rather be an animal.'
Num concerto em Lisboa ele cantou 'I'd rather be, I'd rather be, I'd rather be in Portugal.' - AMEI!!!
(ver a partir do 1:40 deste video)

A letras deste grupo variam entre as experiencia pessoais, a ecologia e os situações sociais recorrente e decadentes. Foram abrandando ao longo da carreira. Ficaram nostalgicos e lamechas. Começaram a perder o interesse. No entanto a voz é muito boa e peculiar.

O treceiro grupo que surgiu ao mesmo tempo e na mesma cidade, foram os Alice in Chains.
Mais teatrais, mais virados para a imagem, menos expontáneos e parecem sempre seguir uma regra para fazer musica. Dispenso.

E se angustia é o tema recorrente no Grunge, claro que isso é levado a outro nivél quando falamos de Chris Cornell.
Começou com Soundgarden, depois Audioslave e terminou a carreira a solo. Fez uma musica para a banda sonora do 007.
Então vamos lá à excelêcia (as três fases):
Soundgarden:
Black Hole Sun - Posso ouvir isto 10x por dia. Não cansa.
Jesus Christ Pose - Não aconselhavél a quem é regido por dogmas.... e mais não digo....
Fell On Black Days
Spoonman
Burden In My Hand
The Day I Tried To Live
Outshined
Pretty Noose
My Wave
Blow Up The Outside World
Audioslave:
Like a Stone
Be Yourself
Cochise
Original Fire
Show Me How to Live
Doesn't Remind Me
Your Time Has Come
Chris Cornell
Nearly Forgot My Broken Heart
Can't Change Me
Seasons
You Know My Name - Bond. James Bond

Chris Cornell suicidou-se com 52 anos. Mais de meio século é realmente demais. E ouvindo as letras das suas músicas, não parece descabido este desfecho, mas claro, é muito fácil fazer 'projecções' depois das coisas acontecerem.
Porque é que eu gosto tanto de Chris Cornell. É o estilo de música, a guitarra (mais na fase Soundgarden), a voz é fantastica. Mas além disso tudo, parece que ele faz musicas para mim. Mais de 90% das musicas dele, eu penso 'Devia ter sido eu a escrever isto.'. Claro que os 90% é só para demonstrar que são mesmo muitas. Nunca fiz realmente as contas.... nem vou fazer.

Há ainda os Stone Temple Pilots. Um registo mais hard. Boa musica mas parece que faz mal à saude ser vocalista. Tiveram um periodo de interregneo porque o primeiro vocalista saiu para fazer parte dos Velvet Revolver (Guns and Roses sem o Axel). Quando regressou... morreu. Aí o grupo resolveu continuar com o ex-vocalista dos Linkin Park. E esse também... morreu. Parece-me que agora anda à procura do Donald Trump para ver se ele quer cantar na banda....
Vamos a algumas musicas.
Plush
Creep
Interstate Love Song
Wicked Garden
Big Empty


E para terminar o Grunge, vamos à resposta inglesa. Se no Punk, os EUA responderam com os Ramones, no Grunge o UK respondeu com os Bush.
E não foi nada mau. Vamos directos à musica porque sei pouco ou nada deles. Apenas que gosto de tudo o que fazem.
Swallowed
Glycerine
The Chemicals Between Us
Comedown
Machinehead
Greedy Fly - Talvez a minha preferida. Não arredava pé da tv sempre que este video passava. É bom de tão nojento que é. A cena de matar um anjo à porrada está mesmo fora-da-caixa.
Little Things
Everything Zen


E assim termina a primeira parte dos 90's. A musica é como os carros. Classicos nos 60 com muito estilo. Muita cratividade nos 70, os 80 são de fugir, nos 90 parece que está a voltar o bom gosto, e depois disso... coisas electricas??? e o som??? e na musica, coisas electronicas??? e o som???
Para ambos os casos, musica e carros, o bom bom gosto andou de mao dada nas várias décadas, até que se começaram a fazer coisas segundo padroes. Eu gosto de padroes porque gosto de matemática, mas não é na musica nem nos carros.


Antes de saltar para a parte II, vou referir um grupo. Começou nos 80, é mais Indie do que outra coisa qualquer, mas tem uma das tais musicas que não me faz esquecer o momento. Estava a entrar num bar, isto nos inicios do 90, ouvi uma gitarrada que me pos as pernas bambas e fiquei parado à espera que ela voltasse. E voltou. É o momento antes do refrão da musica Creep do Radiohead. No epilogo da musica, a guitarra grita tanto e tão bem que só apetece ouvir outra vez.


 

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Um novo acordar - Parte II

Vamos à segunda parte dos anos 90. É um estilo de musica que não surge propriamente nesta década, mas é aí que tem a sua maior expressão....